Coluna publicada no Jornal Pioneiro de 23 de março de 2016
Quando a depuração nos poderes, Executivo e Legislativo, estiver bem avançada, com punições exemplares e recuperação de dinheiro desviado, será a vez da autocrítica ou de um exorcismo nas entidades empresariais, se antes disso o mesmo povo que tomou as ruas não apontá-las como coniventes com a crise ética e econômico-financeira.
De nada valerão os tardios e tímidos manifestos á nação, numa tentativa de afastar algum tipo de culpa fantasmagórica ou incômoda. Suas pesadas denúncias contra políticos, sem nenhuma referência aos corruptores, não alcançarão o patriótico efeito desejado. Acontece que muitos deles sempre tiveram trânsito livre e abrigo em várias entidades empresariais de que fizeram parte de diretorias e dos seus conselhos. É imperiosa a mudança do comportamento de entidades empresariais, a começar pela quebra das dinastias que se instalaram nelas.
Custou, mas veio á tona o que de pior poderia acontecer no Brasil: a parceria da esquerda canibal populista, do modelo caribenho e bolivariano, representada por uma facção extremada por PT com empresários inescrupulosos, influentes em associações de classe: federações e confederações empresariais.
Não são muitos, mas poderosos. Nos entregaram ao regime que sempre condenaram. Em troca, se beneficiaram de financiamentos privilegiados do BNDES, empreitadas bilionárias, concessões públicas e de outros manás.
A indiferença foi tanta, que passaram a se sentar lado a lado, com os seus detratores de outrora, invasores de fábricas, grevistas, sabotadores a agrícolas e de pecuária, em pomposos Conselhos palacianos em Brasília e da Petrobras. Este último, fonte maior de financiamento ilegal da transformação do regime democrático pelo sonho do “Foro de São Paulo”. Com isso a presidente proclama que governa com a orientação e a aprovação dos empresários.
É decepcionante chegar a esta constatação. Houve entidades empresariais brasileiras que falharam ou se omitiram Como se apresentam não servem de modelo e administração ao país.
É o caso, agora, de assumirem parcela da crise. Não podem dizer que não sabiam dos métodos de financiamentos de campanha eleitoral de empresas associadas, especialmente, das contratantes com o Poder Público no atual governo do PT e nos anteriores.
Algumas empresas para se relacionarem com os poderes públicos criaram “Diretorias de Assuntos Institucionais”. Institucionalizaram a função de lobista. As que ainda não dispõem de diretor institucional, se comunicam por meio de cuecas e meias deambulantes.